O
projecto já está em posse da UNESCO, numa lista indicativa que inclui
ainda o Memorial do Cuito Cuanavale e as Pinturas Rupestres de Tchitundu
Hulu.
A informação foi avançada pela ministra Carolina Cerqueira
durante uma audiência concedida a cantora no âmbito do ciclo de
auscultação dos agentes culturais sobre o projecto governamental de
internacionalização da cultura angolana.
De acordo com a
ministra, à semelhança do ocorre em outros países com projectos
culturais de grandes dimensões, o Ministério da Cultura considera ser
uma mais-valia para a promoção, valorização da cultura angolana no
exterior envolver todos quantos fazem da cultura, nos seus mais variados
domínios, o seu dia-a-dia.
Carolina Cerqueira acresceu que a
envolvência dos agentes culturais nos projectos e acções desenvolvidas
pelo Executivo através do Ministério da Cultura visa igualmente
aproximar as instituições governamentais, no caso do departamento
cultural, aos agentes e fazedores de cultura.
Carolina Cerquei
avançou que a artista, por ser uma figura bastante conhecida no país e
no estrangeiro, é indicada para promover o projecto além-fronteira tendo
em conta a sua projecção e participação em fóruns culturais (música)
internacionais.
A artista será potenciada com todas as
informações sobre a candidatura do Corredor do Kwanza a património
mundial como forma de melhor divulgar e defende-lo.
Por seu turno
Nsoki, que aproveitou a audiência para apresentar a ministra alguns dos
troféus internacionais conquistados recentemente, manifestou a sua
satisfação pela indicação, acrescentando que tudo fará no sentido de
melhor promover o projecto.
“É sempre uma honra defender um
projecto desta dimensão e mais pelo facto de o Ministério da Cultura
encontrar na mim como a pessoa ideal para o efeito. O ministério pode
contar com a minha total entrega neste projecto”, realçou Nsoki em
entrevista à imprensa.
Para Nsoki, a indicação como embaixadora
de um projecto governamental é indicativo de que o governo angolano olha
para os artistas como parceiros ideias para levar ao mundo o que se faz
culturalmente no país
Detentor de um vasto conjunto de riquezas
patrimoniais que definem o seu valor universal excepcional, o Corredor
do Kwanza é tido por peritos como um bem misto, devido às suas
características naturais e culturais.
Do ponto de vista natural, o Corredor inclui uma vasta vegetação ao longo do Rio Kwanza, bem como uma rica biodiversidade.
Já
na vertente cultural, abarca um conjunto de bens como fortalezas,
igrejas seculares, entre outras infra-estruturas, incluindo a própria
cidade histórica do Dondo.
Estas particularidades tornam, assim, o
Corredor do Kwanza num bem a ser preservado, valorizado e desfrutado,
não só pela sociedade angolana, as também pelos visitantes que possa
atrair de outras partes do planeta, gerando recursos para o
desenvolvimento sócio-económico e cultural do país.
O Corredor do
Kwanza foi, e é considerado, uma zona de activo comércio, praticado no
princípio pelos Mbumbos (batedores ou vendedores) do Reino do Ndongo, e
que possuía níveis satisfatórios de recursos, entre fontes de minerais
como o ferro e o sal, a agricultura, pastorícia e uma pequena indústria
que movimentava homens e mercadoria, e que fomentaram uma complexa rede
de comércio.
Hoje, curiosamente, o peso desta dimensão
económica ainda é notório na prática da actividade piscatória e noutras
de carácter agro-pecuário. O rio Kwanza dispõe de várias características
naturais que facilitam a fixação nas suas margens de aglomerados
populacionais.
Os Mbundu que ai se foram desenvolvendo ao longo
dos tempos ficaram ligados a uma intensa actividade mercantil, através
da implementação de feiras ou mercados frequentados por populações de
outras zonas do país.
O espaço que se enquadra nos limites
geográficos do Reino do Ndongo, cuja capital é Kabasa e o seu soberano
Ngola Kiluanji, tinha excelentes pontos de vigilância e era naturalmente
defendido por um conjunto de morros.
Consta ainda que desse
quadro natural de protecção, já nos séculos XVI e XVII, os portugueses
desenvolveram um sistema militar de defesa, tornado o Rio Kwanza no
principal eixo de penetração ao interior de Angola, ávidos por alcançar
as feiras e as lendárias minas de prata que supostamente existiriam na
região, sobretudo em Kambambe.
O potencial defensivo do
Corredor do Kwanza, correspondente ao período da ocupação, foi fixado em
Massangano em 1583, no ponto estratégico da confluência dos rios Kwanza
e Kukala, na Muxima, em 1599/1606, e em Kambambe, em 1604, no limite
navegável do Kwanza.
A fixação nestes pontos estratégicos deu
um saliente impulso à fixação da população colonial no interior e
consistiram pontos de escala obrigatória para as embarcações que
demandavam a captura de escravos.
O.O


