A
empresária Isabel dos Santos afirma que a sua "competência não está em
questão" e que não é "apropriado" relacionar ser filha do ex-chefe de
Estado angolano e os resultados da liderança de 17 meses na Sonangol.
A
posição está expressa num direito de resposta a um editorial do Jornal
de Angola - assinado pelo seu novo diretor, Victor Silva -, divulgado
pela ex-presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional
de Combustíveis de Angola (Sonangol), nomeada para o cargo por José
Eduardo dos Santos, em junho de 2016, e exonerada este mês pelo novo
chefe de Estado, João Lourenço.
"A
sua afirmação, de que o meu estatuto de ‘filha de um chefe de Estado'
teria sido uma desvantagem para garantir o financiamento necessário
para a reestruturação da Sonangol, é contrariada por factos facilmente
verificáveis. De destacar que trabalhei ao longo da minha carreira
profissional (20 anos) com esse estatuto, sendo que o mesmo nunca me
impediu de desenvolver relacionamentos bancários com as principais
instituições financeiras internacionais", acusa a empresária, no direito
de resposta que divulgou hoje.
"A
palavra nepotismo significa a promoção de uma pessoa incompetente para
um determinado cargo pelo único facto de ser membro da sua família.
Como a minha competência não está em questão, não será apropriado
tentar estabelecer um vínculo entre as minhas relações familiares e os
resultados do meu mandato", critica ainda.
Em
causa está o primeiro artigo de opinião assinado pelo novo diretor do
Jornal de Angola, publicado a 19 de novembro, poucos dias depois de ter
sido empossado pelo chefe de Estado, João Lourenço, como presidente do
Conselho de Administração da empresa "Edições novembro", que publica
aquele diário estatal.
No
artigo, Victor Silva relacionava a exoneração de Isabel dos Santos da
Sonangol por ser uma "pessoa politicamente exposta [PEP]", recusando
que haja um conflito político entre o Presidente angolano e o ex-chefe
de Estado José Eduardo dos Santos, que se mantém como líder do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Afirmou
ainda que "a questão não deve ser posta no facto de Isabel dos Santos
ser filha do ex-Presidente da República", o que dificultou que a
petrolífera nacional conseguisse "os financiamentos externos necessários
ao seu desenvolvimento por saber-se que no combate ao branqueamento de
capitais há pessoas politicamente expostas" e que "estão sob o radar
do mundo financeiro mundial".
Críticas
infundadas, segundo a posição divulgada por Isabel dos Santos, que
acusa "haver uma profunda confusão entre o significado de nepotismo e o
significado de PEP, tornando-se a mesma cada vez mais comum no debate
público".
"Deveria
caber à comunicação social informar e educar a opinião pública sobre
temas desta natureza de forma responsável, em vez de incendiar polémicas
infames que têm em si motivações políticas. Esse é o papel
desempenhado pelas redes sociais", critica, por seu turno, a
empresária.
Refere
ainda que o conceito de PEP é usado no editorial em questão "de uma
forma tendenciosa": Por definição, todos os membros dos Conselhos de
Administração das empresas públicas, incluindo da Sonangol , são PEP’s, o
que não afeta a sua capacidade de gerir relações bancárias em nome das
empresas que representam".
Neste
direito de resposta - que segundo a empresária não foi publicado pelo
Jornal de Angola, que alegou exceder, em tamanho, o artigo que lhe deu
origem e factos não visados no mesmo -, Isabel dos Santos acrescenta
que foi durante a vigência do Conselho de Administração que liderou que
a Sonangol "conseguiu finalmente estabelecer ligações bancários e ter
contas abertas nos Estados Unidos de América".
"Situação que não havia sido possível durante muitos anos", enfatizou.
Isabel
dos Santos foi substituída na administração da Sonangol, este mês, por
Carlos Saturnino, indicado pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.
O.O


