Bonga, natural de Angola, recordou, em
entrevista à agência Lusa, “os tempos difíceis” que viveu, tendo chegado
a ser proibido de actuar, e quando a música angolana, “de forma
pejorativa, era chamada de folclore”.
“Houve
um período de preconceito, em que chamavam [à música angolana] o
folclore, o que era um bocado pejorativo, e [houve] obstáculos que tive
de enfrentar, porque era uma música diferente, que não era valorizada,
menos ouvida, e hoje, mais que nunca, tenho a consciência de ter posto
um tijolo nessa grande construção que é a divulgação, consequente, desta
nossa música angolana/africana”, afirmou o músico, acrescentando que a
música angolana, actualmente, “é mais reconhecida e conceituada do que
há 20 anos”.
Bonga actua no sábado no
Theatro Circo, em Braga, um concerto que prometeu “ser com muita
energia, no ritmo do semba, que não morre, e noutros ritmos angolanos,
como a rumba africana que é diferente da sul-americana”.
No
palco da avenida da Liberdade de Braga, Bonga vai ser acompanhado pelos
músicos Betinho Feijó (guitarra e direcção musical), Ciro Bertini
(acordeão), Hernani Lagross (baixo) e Estêvão Gipson (bateria), e pela
bailarina Joana Calunga.
No alinhamento,
encontram-se os “temas de sempre”, como “Kissueia”, “Mariquinha”,
“Mulemba Xangola”, "Frutas de Vontade", “Patxi Ni Ngongo” ou “Uma
Lágrima no Canto do Olho”.
José Adelino
Barceló de Carvalho, de seu nome de registo, adoptou na adolescência o
nome de Bonga Kuenda, que apontou como o seu “verdadeiro eu”.
A
sua estreia musical, em 1972, foi com o álbum “Angola’72”, ao qual se
sucederam vários outros, e, como disse à Lusa, continua “a ser muito
solicitado”, nomeadamente em França, país que o distinguiu com a Ordem
das Artes e Letras, grau de cavaleiro, em 2014.
“Paris
abriu-me as portas do mundo, reeditou todos os meus discos", disse o
músico com 42 anos de carreira artística, que gracejou: "Sou como o
vinho do Porto, quanto mais velho melhor".
Por
cá, o músico angolano, actuou, este ano, no Rock in Rio, em Lisboa, no
Festival Med, em Loulé, e foi um dos participantes no espectáculo de
final do ano, em 2017, na Praça do Comércio, em Lisboa.
Bonga
completa 76 anos no próximo dia 05 de Setembro, data em que tem
previsto um “grande concerto” na Aula Magna da Universidade de Lisboa.
O.O


